ARTIGO DE OPINIÃO
O que nos importa?
por Roger Pereira
Num/ mundo cada vez mais conectado, estamos a poucos
cliques de qualquer informação. Não precisamos de mais
do que alguns segundos para saber as principais notícias
do Brasil ou do mundo, lendo, ouvindo ou vendo, quase
que em tempo real, os acontecimentos mais importantes
nos sendo transmitidos ou relatados pelos mais diversos
canais. Mas e os fatos que acontecem ao nosso redor?
O jornalismo de massa e globalizado nos permite
acompanhar passo a passo as guerras no Oriente Médio,
as disputas comerciais entre Estados Unidos e China, o
drama dos refugiados (sírios ou venezuelanos). O
noticiário não nos deixa esquecer a prisão do ex-presidente
Lula, nos alerta sobre cada centavo que o dólar
oscila a cada hora do dia, nos deixa por dentro da vida das
celebridades e nos notifica a cada gol do Flamengo.
É muito bom estar bem informado. O acesso a todo esse
conteúdo nos permite formar nossos conceitos, escolher
em quem confiar nosso voto, decidir se é hora de poupar
dinheiro ou comprar um bem. Nos dá cultura, nos deixa
mais preparados para o dia a dia.
Mas será que os grandes jornais, sites ou programas de
notícias na TV nos dão todas as notícias que precisamos?
Mais: será que nos dão as notícias que mais precisamos?
As informações e os acontecimentos que mais
influenciam nossas vidas não são os de São Paulo, nem
de Brasília, muito menos, de Washington. A notícia que
realmente importa é a que acontece na nossa comunidade,
ao nosso redor. E isso não sai no jornal.
Essa é a função do jornalismo comunitário: um
jornalismo feito pela comunidade e para a comunidade,
em que o que importa, e só o que importa, é o que
acontece neste local ou grupo específico. Aqui, a notícia
é o nosso problema do dia a dia, os grandes fatos são os
acontecimentos que envolvem a nossa gente, os principais
eventos, os que ocorrem do lado de nossa casa.
Que notícia influencia mais a nossa vida? Uma reunião da
ONU sobre a crise ambiental, ou um programa na nossa
região para incentivar a produção de orgânicos? A
retomada do programa espacial da NASA ou a mudança
do horário do ônibus que pegamos todos os dias? O
vencedor do prêmio Nobel ou um novo curso ofertado na
nossa universidade? A crise política nos Estados Unidos,
ou a criação de um conselho local? Os gols do Neymar ou
um programa de iniciação esportiva lançado para nossas
crianças? O próximo disco da Anitta ou a programação
cultural de nossa cidade?
O jornalismo comunitário traz informação específica e
relevante para a comunidade a que se propõe a atender;
deixa a população ciente dos problemas e dos
acontecimentos do local; envolve as pessoas na produção
de conteúdo; promove ações e, até, produtos locais com
eficiência; e aumenta o poder de reivindicação do povo
perante as autoridades. Faça parte do seu jornal
comunitário: informe-se e ajude a informar...